domingo, setembro 30, 2007

Pulgas, Carrapatos e Piolhos - até eles pensam em Desenvolvimento Sustentável


"Eram 169 pulgas, 38 carrapatos e 75 piolhos. Todos moravam num cão de rua.
Naquele "planeta" os carrapatos preferiam o interior das orelhas, os dedos, a cernelha e as axilas. No dorso, lombo e abdômen viviam as pulgas. Os piolhos no restante. O cão era uma coceira só. Sugavam o sangue inoculando-lhe uma saliva irritante. Dia e noite, domingos e feriados.
Um dia alguém percebeu que o alimento estava caindo de qualidade – tornou-se um sangue ralo e cada vez mais cor-de-rosa. Seria necessária uma assembléia de todos os moradores. Na semana seguinte teve início a I Conferência Planetária do Meio Ambiente. O fórum escolhido foi o dorso do animal. Compareceram 292 pulgas, 94 carrapatos e 101 piolhos. Após a aprovação do regimento da Conferência, uma pulga fez uso da palavra:
- Senhoras e senhores, tenho notado uma drástica diminuição dos nossos recursos naturais. O planeta está anêmico!
- As culpadas são vocês mesmas, suas pulgas imediatistas - atacou uma fêmea de carrapato intumescida de sangue.
- Que nada, nós até sabemos reciclar...
- Não entendi, interpelou um piolho.
- Nossas larvas, futuras pulgas, são alimentadas com nossos próprios dejetos... isto é ou não é reciclagem?
- Acho que tudo é uma questão política, completou outro carrapato.
E a reunião prosseguiu acalorada.
De repente o "planeta" começou a balançar...
- Efeito estufa? Aumento da temperatura global? Queimadas? Terremotos? Ou efeito do buraco na camada de ozônio?
Na verdade era o cão que se coçava desesperadamente num solitário jequitibá...
Ouvindo toda a discussão a árvore tentou ajudar:
- Gente! Vocês já ouviram falar em "desenvolvimento sustentável"?
Todos silenciaram para escutar.
- Antigamente essa praça era uma floresta , com inúmeras árvores de variadas espécies. Produzíamos flores, frutos, abrigos, sombra e madeira. As folhas mortas e os restos dos animais se decompunham rapidamente com a ação do calor e da umidade freqüente. Assim, todos os nutrientes eram devolvidos à terra-mãe, alimentando-nos e possibilitando o nascimento de novas plantas. Tudo aqui era biodiversidade. Existiam orquídeas, bromélias, cipós e toda a vida animal. As copas amenizavam a queda da chuva que suavemente deslizava entre os galhos. Não havia erosão. De vez em quando cortavam algumas árvores. Nem precisavam reflorestar. Nós mesmas fazíamos o replantio com a ajuda dos morcegos, frugívoros, cutias, gralhas, borboletas, beija-flores e até do vento. Assim a floresta se AUTO-SUSTENTAVA. Mas, um dia começaram a desmatar além da conta... logo fiquei sozinha. Hoje virei mictório de cães e de gente. As minhas folhas são impiedosamente varridas. Não têm mais o direito de apodrecer ao pé da árvore-mãe.
- Mas afinal o que é desenvolvimento sustentável? - perguntou um piolho aflito.
- É cada um sugar sem exageros o alimento e dar tempo ao "planeta" de se recuperar...
- Vamos ter que produzir economizando, lembrou um carrapato, demonstrando preocupação - afinal todos nós podemos jejuar mais de um mês...
E a plenária efervesceu. Foram criados manifestos e leis ambientais.
Publicaram a "Carta dos Ectoparasitos". Elegeram-se delegados. Todos se comprometeram.
Ao final dos debates, já havia 3.090 pulgas, 2.348 carrapatos, 2.251 piolhos...
No dia seguinte, o cão morreu.

terça-feira, setembro 25, 2007

“Todo obstáculo contém uma oportunidade para melhorarmos nossa condição”

Sabedoria

A honra da velhice não provém de uma longa vida, e não se mede pelo número dos anos. Mas é a sabedoria que faz as vezes dos cabelos brancos; é uma vida pura que se tem em conta de velhice. Ele agradou a Deus e foi por ele amado, assim (Deus) o transferiu do meio dos pecadores onde vivia.