terça-feira, maio 29, 2007

BIBLIOGRAPHY FOR ANTHROPOLOGY

AZEVEDO, Paulo Roberto.1986. Antropólogos e pioneiros. Ed. USP. São Paulo.
BEATTIE, J. 1971. Introdução à antropologia social. Ed. Nacional. São Paulo.
COPANS, Jean(Org.).1971. Antropologia. Ed. 70. Lisboa.
DAMATTA, Roberto.1987. Relativizando. Ed. Rocco. Rio de Janeiro.
EVANS-PRITCHARD, E.E.1978. Antropologia Social. Ed. 70. Lisboa.
KLUCKHOHN, Clyde.1949. Antropologia. Ed. F.C.E. México.
LAPLANTINE, François.1988. Aprender antropologia. Ed. Brasiliense. São Paulo.
LÉVI-STRAUSS, Claude.1975. Antropologia estrutural. Ed. Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro.
SHAPIRO, H.L.1966. Homem, cultura e sociedade. Ed. Fundo de Cultura. Rio de Janeiro.
THOMAS, Louis-Vicent.1981. Etnologia. Texto contido no livro de François Châtelet: A filosofia das ciências sociais. Ed. Zahar. Rio de Janeiro.
VARELA, Maria Helena et alli.1982. Antropologia: paisagens, sábios e selvagens. Ed. Porto. Porto.
ZALUAR, Alba. 1986. Desvendando máscaras sociais. Ed. Francisco Alves. Rio de Janeiro

ANTROPOLOGIA

"O que você gostaria de saber sobre a Antropologia. O que é Antropologia? O que fazem os antropólogos?", por Alexandre Fernandes Corrêa (*)
Tentaremos resumir a situação atual da antropologia introduzindo o leigo na incrível viagem na unidade e variabilidade do homem no espaço e no tempo. Os quatro pontos cardeais desta aventura: anthropos, do animal humano ao homem social; oikos, o meio, a técnica e a governação da riqueza; krathos, o poder, a política e a jurística; mythos, a atividade simbólica e o mundo imaginário.
Boa aventura!A ciência que estuda as culturas humanas é chamada antropologia.
É uma disciplina que investiga as origens, o desenvolvimento e as semelhanças das sociedades humanas assim como as diferenças entre elas. A palavra antropologia deriva de duas palavras gregas: anthropos, que significa "homem" ou "humano"; e logos, que significa "pensamento" ou "razão". Os antropólogos comumente investigam as formas de desenvolvimento do comportamento humano, objetivando descrever integralmente os fenômenos sócio-culturais.
Os Campos de Estudo da AntropologiaA ciência antropológica é comumente dividida em duas esferas principais: a antropologia biológica (ou física) e antropologia cultural (ou social)1. Cada uma delas atua em campos de estudo mais ou menos independentes, pois especialistas numa área freqüentemente consultam e cooperam com especialistas na outra área.
A antropologia biológica é geralmente classificada como uma ciência natural, enquanto a antropologia cultural é considerada uma ciência social. A antropologia biológica, como o nome já indica, dedica-se aos aspectos biológicos dos seres humanos. Busca conhecer as diferenças ditas raciais e étnicas, a origem e a evolução da humanidade. Os antropólogos desta área de conhecimento estudam fósseis e observam o comportamento de outros primatas.
A antropologia cultural dedica-se primordialmente ao desenvolvimento das sociedades humanas no mundo. Estuda os comportamentos dos grupos humanos, as origens da religião, os costumes e convenções sociais, o desenvolvimento técnico e os relacionamentos familiares. Um campo muito importante da antropologia cultural é a lingüística, que estuda a história e a estrutura da linguagem. A lingüística é especialmente valorizada porque os antropólogos se apóiam nela para observar os sistemas de comunicação e apreender a visão do mundo das pessoas. Através desta ciência também é possível coletar histórias orais do grupo estudado. História oral é constituída na sociedade a partir da poesia, das canções, dos mitos, provérbios e lendas populares.
A antropologia cultural e biológica conectam-se com outros dois campos de estudo: a arqueologia e a antropologia aplicada. Nas escavações, os arqueólogos encontram vestígios de prédios antigos, utensílios, cerâmica e outros artefatos pelos quais o passado de uma cultura pode ser datado e descrito (pesquisar Arqueologia).A antropologia aplicada, com base nas pesquisas realizadas pelos antropólogos, assessora os governos e outras instituições na formulação e implementação de políticas para grupos específicos de populações. Ela pode, em certa medida, ajudar governos de países em desenvolvimento a superarem as dificuldades que as populações destes países enfrentam no embate com a complexidade dos fluxos civilizacionais do século 21. E pode também ser usada pelos governos na formulação de políticas sociais, educacionais e econômicas para as minorias étnicas no interior de suas fronteiras. O trabalho da antropologia aplicada é freqüentemente desenvolvido por especialistas nos campos da economia, da história social e da psicologia.
Pelo fato da antropologia explorar amplo conjunto de disciplinas, investigando diversos aspectos em todas as sociedades humanas, ela deve apoiar-se nas pesquisas feitas por estas outras disciplinas para poder formular suas conclusões. Dentre as disciplinas mais afins encontramos a História, Geografia, Geologia, Biologia, Anatomia, Genética, Economia, Psicologia e Sociologia, juntamente com as disciplinas altamente especializadas como a lingüística e a arqueologia, anteriormente mencionadas.
O Problema das TerminologiasDiferentes termos são usados para descrever os campos da antropologia nos EUA e na Europa, como já foi referido. Enquanto nos EUA o termo antropologia é usado mais amplamente, na Europa é mais comum o termo Etnologia2. O que é chamado de "antropologia cultural" nos EUA é designado como "Etnologia" em diversos países da Europa Continental. No entanto, o termo antropologia biológica (ou física) é usado em vários países do Mundo.
As subáreas da antropologia cultural nos EUA são três: antropologia histórica (etnologia), pré-história (ou arqueologia pré-histórica) e lingüística (ou antropologia lingüística). Na Europa as subáreas são: etnologia (descrição histórica e comparada das "raças"), pré-história (ou etnologia pré-histórica) e lingüística (ou etnologia lingüística).
No Brasil encontramos um misto das duas tradições referidas. No Nordeste do país, temos uma tradição mais vinculada a antropologia cultural norte-americana, principalmente devido a influência de Gilberto Freyre, que estudou em Colúmbia nos EUA com Franz Boas. No Centro-Sul do país há um predomínio da nomenclatura britânica: antropologia social (USP, UNB, Museu Nacional/UFRJ, etc.). Mas isso não demarca as atuais influências e hegemonias teóricas.
Etnografia, Etnologia e Antropologia
Uma tentativa de universalização do significado dos termos pode ser encontrada na obra do antropólogo francês Claude Lévi-Strauus Antropologia Estrutural. Sua proposta é a seguinte:
A etnografia - corresponde aos primeiros estágios da pesquisa: observação e descrição, trabalho de campo (field-work). Uma monografia, que tem por objeto um grupo suficientemente restrito para que o autor tenha podido reunir a maior parte de sua informação graças a uma experiência pessoal, constitui o próprio tipo do estudo etnográfico.A etnologia - representa um primeiro passo em direção à síntese. Sem excluir a observação direta, ela tende para conclusões suficientemente extensas paea que seja difícil funda-las exclusivamente nem conhecimento de primeira mão. Esta síntese pode operar-se em três direções: a) geográfica, quando se quer integrar conhecimentos relativos a grupos vizinhos; b) histórica, quando se visa reconstituir o passado de uma ou várias populações; c) sistemática, enfim, quando se isola, para lhe dar uma atenção particular, determinado tipo de técnica, de costume ou de instituição. A etnologia compreende a etnografia como seu passo preliminar, e constitui seu prolongamento. É o que encontramos tanto no Bureau of American Ethnology da Smithsonian Instituion, como na Zeitschritft für Ethnologie ou no Institut d`ethnologie de L`Université de Paris.
Em toda parte onde encontramos os termos antropologia cultural ou social, eles estão ligados a uma segunda e última etapa da síntese, tomando por base as conclusões da etnografia e da etnologia. Nos países anglo-saxônicos, a antropologia visa um conhecimento global do homem, abrangendo seu objeto em toda sua extensão histórica e geográfica; aspirando a um conhecimento aplicável ao conjunto do desenvolvimento humano desde, digamos, os hominídeos até as raças modernas, e tendendo para conclusões, positivas ou negativas, mas válidas para todas as sociedade humanas, desde a grande cidade moderna até a menor tribo melanésia. Pode-se, pois, dizer, neste sentido, que existe entre a antropologia e a etnologia a mesma relação que se definiu acima entre esta última e a etnografia.
Por fim, Lévi-Strauss escreve: etnografia, etnologia e antropologia não constituem três disciplinas diferentes, ou três concepções diferentes dos mesmos estudos. São, de fato, três etapas ou três momentos de uma mesma pesquisa, e a preferência por este ou aquele destes termos exprime somente uma atenção predominante voltada para um tipo de pesquisa, que não poderia nunca ser exclusivo dos dois outros.
Ver Antropologia Biológica (Física), Antropologia Social e Cultural, Teorias e Escolas: Evolucionismo, Funcionalismo, Estruturalismo, Culturalismo, etc.
______________________NOTAS:
1 - A preferência por uma ou outra nomenclatura depende da tradição teórica do país. Por exemplo, o que se faz em nome da antropologia cultural nos EUA, na França se reconhece como Etnologia e na Grã-Bretanha como Antropologia Social. 2 - A Etnologia é definida como a ciência que estuda as heranças biológicas (ditas raciais), costumes e línguas da humanidade, isto é, suas características, suas origens, diferenças e distribuição espacial.

Sand County Almanac. Leopold, 1949


“Uma decisão sobre o uso da terra é correta quando tende a preservar a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica. Essa comunidade inclui o solo, a água, a fauna e a flora, como também as pessoas. É incorreto quando tende para uma outra coisa.”

Sand County Almanac. (p.204) Leopold, 1949


"A ética da terra simplesmente amplia as fronteiras da comunidade para incluir o solo, a água, as plantas e os animais, ou coletivamente: a terra. Isto parece simples: nós já não cantamos nosso amor e nossa obrigação para com a terra da liberdade e lar dos corajosos? Sim, mas quem e o que propriamente amamos? Certamente não o solo, o qual nós mandamos desordenadamente rio abaixo. Certamente não as águas, que assumimos que não tem função exceto para fazer funcionar turbinas, flutuar barcaças e limpar os esgotos. Certamente não as plantas, as quais exterminamos, comunidades inteiras, num piscar de olhos. Certamente não os animais, dos quais já extirpamos muitas da mais bonitas e maiores espécies. A ética da terra não pode, é claro, prevenir a alteração, o manejo e o uso destes 'recursos', mas afirma os seus direitos de continuarem existindo e, pelo menos em reservas, de permanecerem em seu estado natural."

Thoreau, 1857


“A terra sobre a qual caminho não é um ser morto, uma massa inerte; é um corpo, um espírito, é orgânico e transparente às influencias do espírito. As florestas não são sem dono, mas cheias de espíritos tão bons quanto eu.”

LEOPOLD


Aldo Leopold (1887-1948), notável naturalista norte-americano, conjugou primorosamente na sua obra a precisão do cientista com a sensibilidade do poeta.
Adaptação de Antônio Barreto

Aldo Leopold nasceu em Burlington, no Iowa, Estados Unidos da América, em 1887. Era o mais velho dos quatro filhos de Carl e Clara Leopold. Estudou nas escolas públicas de Burlington até 1903, tendo freqüentado de Janeiro de 1904 até Maio de 1905 a Lawernceville School em Nova Jersey, para se preparar para a faculdade. Ainda em 1905 entra para a Escola Científica Sheffield em Yale, em 1906 começa o curso na Escola Florestal de Yale que termina com o grau "Master of Forestry", em 1909.
Aldo Leopold é considerado o pai do estudo da ecologia da vida selvagem e um verdadeiro herói de Wisconsin. Leopold foi um acadêmico e cientista de renome, um professor excepcional, um talentoso escritor e filósofo. É sobretudo através da sua obra "A Sand County Almanac" que Leopold é conhecido por milhões de pessoas em todo o mundo.
As raízes do conceito de Leopold da "ética da terra", sempre presentes na sua obra, podem ser seguidas até ao local onde nasceu nas margens do rio Mississippi, perto de Burlington, Iowa. Enquanto jovem, Aldo desenvolveu um enorme gosto e interesse pelo mundo natural, passando horas perdidas em aventuras nas matas, pastagens e rios de um Iowa então relativamente selvagem. Esta precoce ligação ao mundo natural, aliada a um sentido e a uma habilidade pouco comum para a observação e a para a escrita, levou-o a obter o seu grau de mestre por Yale.
Depois de se formar, Leopold esteve 19 anos nos Serviços Florestais dos Estados Unidos. Começou por trabalhar no Arizona, como assistente na Apache National Forest, tendo sido transferido em 1911 para Carson National Forest no norte do Novo México, como supervisor assistente e depois supervisor, onde esteve até 1914. É neste período que funda e edita uma "newsletter", a "Carson pine Cone". Casa-se, em 9 de Outubro de 1912, com Estella Bergere, natural de Santa Fé, com quem tem quatro filhos: Starker, 1913; Luna, 1915; Nina; 1917; Carl, 1919 e Estella, 1927.
Em 1918, depois dos Estados Unidos entrarem na I Guerra Mundial, Aldo Leopold altera as suas prioridades e deixa os serviços florestais, aceitando, em Janeiro desse ano, o cargo de secretário da Câmara de Comércio de Albuquerque. Retoma a sua atividade nos Serviços Florestais em 1919, como Assistente Florestal Distrital, responsável pela organização negocial, finanças do pessoal, caminhos e trilhos e controlo de fogos, para os 10 milhões de hectares de floresta do Sudoeste.
Durante o seu trabalho, Leopold começou a ver a terra como um organismo vivo, desenvolvendo o conceito de comunidade. Sobre este conceito, alicerçou toda uma teoria de conservação, da qual ele foi o mais influente defensor. Em 1924, aceitou a transferência para o Laboratório dos Produtos Florestais dos E. U. em Madison, onde serviu como diretor associado. É também aqui que, em 1928, Leopold inicia a sua carreira de professor na universidade de Wisconsin e, simultaneamente, abandonando os Serviços Florestais, dedica-se à avaliação da dimensão e estado de populações de fauna cinegética em diversos Estados Norte Americanos do Midwest, trabalho patrocinado pelo Instituto dos Fabricantes de Armas e Munições de Desporto. Prepara relatórios sobre aquela matéria para nove Estados e publica um sumário dos resultados em 1931.
O livro de Leopold, "Game Management" (1933), creditado frequentemente como a obra pioneira da ecologia animal, definiu os "truques" e as técnicas fundamentais para gerir e restaurar populações de animais selvagens. Na verdade, este trabalho criou uma nova ciência que integra a gestão florestal e agrícola, a biologia, a zoologia, a ecologia, a educação e a comunicação. Logo após a sua publicação, a universidade de Wisconsin criou um departamento novo, o Departamento de Gestão da Caça, e nomeou Leopold como seu presidente.
O dom inato de Leopold para comunicar e ensinar conceitos científicos, era apenas igualado pela sua enorme vontade de pôr as suas teorias em prática. Em 1935, ano em que Leopold ajudou à fundação da Wilderness Society, a sua família adquiriu uma pequena quinta perto de Baraboo, numa zona conhecida como "O Condado das Areias". Foi aqui que Leopold pôs em prática as suas crenças e teorias, de que as mesmas ferramentas que as pessoas usavam na destruição da paisagem e dos habitat, podiam ser usadas para as reconstruir e melhorar. Um velho galinheiro da quinta, conhecido como "The Shack", serviu de laboratório para a família de Leopold, para os seus amigos e para os seus estudantes. Foi aqui que Leopold concebeu e monitorizou muitos dos ensaios que deram origem àquela que viria a ser a sua mais influente obra: A Sand County Almanac.
Durante este período, é de referir ainda que Leopold apoiou, em 1936, o estabelecimento de uma associação de especialistas em vida selvagem, rebatizada em 1937 como Wildlife Society e, em 1943, foi nomeado por seis anos pelo Governador do Wisconsin para a Comissão de Conservação do Wisconsin, onde dominavam os debates sobre a política de gestão do veado.
Em Dezembro de 1947, Leopold submete o seu livro manuscrito intitulado "Great Possessions" à Oxford University Press, que o notifica da aceitação para publicação em 14 de Abril de 1948. Em 21 de Abril desse ano, Aldo Leopold morre na seqüência de um ataque cardíaco quando ajudava a apagar um incêndio numa propriedade de um vizinho. Só em 1949, a última edição de "Great Possessions", revista pela sua filha Luna B. Leopold, é publicada sob o título de "A Sand County Almanac". O "Almanac" é frequentemente aclamado como um marco literário do século em termos de Conservação da Natureza, misturando uma excepcional prosa poética com observações muito precisas sobre o mundo natural. Esta obra reflete a evolução de uma vida de amor, de observação e de pensamento, tendo originado uma filosofia que guiou muitos outros a descobrir o que significa viver numa comunidade em harmonia uns com os outros e com o meio envolvente: a Terra.