quarta-feira, setembro 07, 2005

Pesquisadores fazem avaliação de possíveis prejuízos aos rios

O estabelecimento de grandes projetos na Região Norte, como por exemplo, a construção da Transamazônica e da Usina Hidrelétrica de Balbina, gerou uma série de movimentos ambientalistas que protestavam contra os impactos ambientais iminentes, tanto para os povos indígenas que viviam na região, quanto para os ecossistemas que desapareceriam com os avanços. Então, como promover o desenvolvimento econômico e social sem agredir o meio ambiente? Uma das saídas é a realização da avaliação dos impactos ambientais nos locais onde os projetos serão implantados ou estão sendo executados.

Exemplo disso é o projeto Avaliação dos Impactos do Tráfego dos Navios da Mineração Rio do Norte sobre a Ictiofauna no rio Trombetas, desenvolvido pelos pesquisadores Efrem Jorge G. Ferreira, Jansen Zuanon e Sidinéia Amadio, da CPBA/Inpa (Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).

Os estudos foram solicitados pela Mineração Rio do Norte, atendendo a uma determinação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).

Isso porque a mineradora deseja renovar a autorização para a exploração do minério na região, e é importante saber o que isso representa em termos de impactos ao meio ambiente.
Segundo Efrem Ferreira, anualmente passam pelo porto do rio Trombetas a média de um navio de grande porte, acima de 50 mil t, por dia, totalizando um movimento de cerca de 365 navios por ano, que fazem o transporte de minério (bauxita).

Jusante e montante

A pesquisa começou em março último e vai até abril de 2006, quando serão apresentandos os resultados. Foram investidos aproximadamente R$ 60 mil em despesas da equipe, de material de coleta e equipamentos. O pesquisador disse que a intenção é saber, por exemplo, se as hélices dos navios contribuem para revolver sedimentos depositados no fundo do rio, afetando (de forma negativa ou positiva) a alimentação dos peixes, ou se a passagem dos navios produz turbulências na água (os banzeiros) que podem derrubar barrancos nas margens do rio e prejudicar as atividades de alimentação e desenvolvimento dos peixes.

O trabalho é executado em duas regiões distintas, uma a jusante (rio abaixo) e outra de mesma extensão, a montante (rio acima), cada uma com cerca de 35 km de extensão, com a cidade de Porto Trombetas (PA) sendo o centro.

Os pesquisadores utilizam três métodos para a verificação dos impactos. O primeiro é a rede de arrasto de fundo, considerado o principal método, que tem como objetivo amostrar a fauna de peixes que vivem no fundo do rio. A rede é arrastada pelo fundo do rio a profundidades que variam entre cinco e 25 metros, a uma distância de dez a 15 metros da margem. Também são utilizados equipamentos como ecosonda, para verificar se o fundo do rio não apresenta troncos ou pedras que possam danificar a rede, e um GPS (Sistema de Posicionamento Global), para determinar as distâncias percorridas.

Informações serão comparadas

Outro método para coleta das amostras é a redinha de cerco, que é utilizada para coletar peixes nos bancos de macrófitas aquáticas (capins e mureru) e também nas praias, esta rede tem cerca de dez metros de comprimento por três de altura e é usada cercando parte dos capins flutuantes, e em áreas de praias de areia nas margens do rio.

O terceiro método são as peneiras e puçás (‘rapichés’), por meio dos quais os pesquisadores coletam o material acumulado nas margens do rio, local que sofre a influência do movimento das ondas causadas pelos navios.

“Usando testes estatísticos, as informações coletadas em ambos os locais -no rio e nas margens, nas duas áreas- serão comparadas para verificar se há diferenças”, explicou Efrem Ferreira.

“Além disso, também utilizamos uma bateria de malhadeiras armadas em dois pontos do rio, um na região de montante e outro na região de jusante, para capturar peixes que serão analisados nos laboratórios do Inpa para obtermos informações biológicas sobre as espécies de peixes”, destacou o pesquisador.



Local: Manaus - AM
Fonte: Jornal do Commercio
Link: http://www.jcam.com.br

http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=176844

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

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sábado, julho 22, 2006 9:48:00 AM  

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