quinta-feira, setembro 01, 2005

IBITIPOCA

Nos contrafortes da Serra da Mantiqueira, mais precisamente na Serra do Ibitipoca, surge no final do século XVII - quando Portugal caçava nossas riquezas minerais - o Arraial de Conceição de Ibitipoca. Um dos primeiros povoados do estado é de grande importância histórica para Minas Gerais.
Durante a noite, a vila proporciona uma harmonia dos moradores locais com turistas de todos os cantos do Brasil nos bares, lanchonetes e restaurantes.
Até meados do século XVII, a Serra do Ibitipoca (ibiti=Pedra poca=estala) era habitada por pacíficos índios da tribo Aracy (Ara=luz, cy=mãe), é quando se têm notícias de passagem das primeiras bandeiras na região.
O Parque Estadual do Ibitipoca apresenta em seus 1488 hectares variedades de grutas, cachoeiras, lagos, picos e muito verde.
De beleza exótica, campos rupestres que contrastam com as águas "cor de ferrugem"; Uma preciosidade incrustada num dos pontos mais altos da Serra da Mantiqueira (região sudeste do estado de Minas Gerais) são os 1488 hectares do Parque Estadual do Ibitipoca.
Entre o Planalto de Itatiaia e o Planalto de Andrelândia, nas coordenadas 21° 40' a 21° 43' sul e 43° 52' a 43° 54' Oeste, com altitudes que variam de 1050 a 1784m, o parque ocupa terras do município de Lima Duarte tendo sua portaria localizada a três quilômetros do Arraial de Conceição do Ibitipoca. Situado a noventa quilômetros de Juiz de Fora o parque é de localização central na região sudeste, dista 270Km do Rio de Janeiro, 350Km de Belo Horizonte e 450Km de São Paulo.
Criado em 04/07/1973, o Parque administrado pelo Instituo Estadual de Florestas de Minas Gerais, possui um alto índice de biodiversidade. É o habitat natural de espécies em extinção: Bugios e Barbados, a Onça Parda, o Lobos-Guará, passeiam entre as Candeias (árvore tradicional do Parque), as Bromélias e Orquídeas.
Os riachos, as cachoeiras e lagos em tom de coca-cola são as maiores atrações do Parque de Ibitipoca.
Há várias grutas por todo o parque. O parque foi criado com o objetivo de garantir a preservação do ecossistema, possibilitar a realização de estudos e pesquisas científicas e oferecer condições para o turismo e a conscientização ambiental.
Em um dos braços da Serra da Mantiqueira, prevalecendo o domínio do Mar de Morros, está incrustada a Serra do Ibitipoca. De formação geológica, predominantemente quartzítica, o relevo acidentado, enfatiza a formação de "gargantas", cavernas, despenhadeiros, pequenos cânions, entre outros acidentes geográficos.
O Parque abriga muitas cavernas, com potencialidade para a existência de mais de vinte, tendo sido registradas quinze pela Sociedade Brasileira de Espeleologia.
As cavernas do Parque são diferentes entre si, com variações nas formas e aprofundamento de condutos, nos desenvolvimentos horizontais, declividades, circulação de água, deposição de material sedimentar, influência de luz, calor e umidade, ou seja, diferentes subsistemas.
No que diz respeito à fauna, o Parque serve de refúgio para várias espécies, inclusive, algumas em extinção como o Lobo-Guará (Chrysosyon brachyurus).
Existem várias espécies de macacos que variam do Bugio (Alouatta fasca) ao Sauá (Callicebus personatus), recentemente foi comprovado a existência do macaco mono-carvoeiro (Brachyteles aracnóides) no entorno do parque.
Entre os anfíbios, destaca-se a perereca Hyla ibitipoca, leva o nome da serra por ter sido descoberta no parque. No que se diz respeito aos répteis podemos citar a lagartixa-das-pedras (Tropidurus itamberé), que muda de cor para se confundir com o ambiente e não podemos deixar de destacar a Cascavel (Crotalus durissus), cobra venenosa em grande quantidade na região. Entre os insetos o que chama mais atenção é o gafanhoto brasileirinho, devido a sua coloração exótica.
Recentemente, uma espécie de milhões de anos, que sobreviveu a mudanças climáticas, gelo e queimadas, foi encontrada acidentalmente, o Peripatus acacioi, um misto de inseto e minhoca, com pouco mais de 1,5 cm, tentáculos na cabeça e patas laterais. Especialistas qualificam a descoberta com a mesma importância de que achar um dinossauro vivo nos dias de hoje.
Nas grutas além dos opiliões (espécie de aracnídeos), andoriões e morcegos - muito comuns - já foi encontrado uma espécie de ratinho, ao que tudo indica considerado extinto, e que, por isso mesmo, está sendo analisado por uma equipe do Museu Nacional.
Mais de 200 espécies de aves foram registradas, existindo bem mais. Algumas são as maritacas que voam esverdeadas sobre os canyons com seu alarido alegre, também podemos citar o Carcará (Caracará plancus), Pavó (Pyroderus scutatus), Uru (Odontophorus capueira), Saí-andorinha (Tersina viridis), Bico de Veludo (Schistochlamys ruficapillus), Sanhaço-frade (Stephanophorus diadematus) tico-tico (Zonotrichia capensis), siriema (Cariama cristata), Trinca-Ferro (Saltator Similis). Os tucanos, como o Ramphastos dicolorus ( tucano-de-bico-verde ) e o Ramphastos toco ( tucanuaçu ), chamam a atenção não só pela beleza, mas pelo vôo desengonçado de uma árvore para outra, em busca de frutos. Uma visão impressionante para quem está acostumados a observá-los em viveiros, onde não tem chances de voar.
Mas a ave que chama mais a atenção dos estudiosos é o andorinhão de coleira-falha (Streptoprocne biscutada ), cujo maior exemplar encontrado media 40 cm de asa a asa e pesava 160 gramas. O andorinhão cola seu corpo de penas no frio da rocha das grutas. Não se dá ao trabalho de fazer ninhos. Bota os ovos nas pedras ( a maioria cai e se quebra no chão ), permanece nas cavernas de setembro a novembro e depois parte no seu rumo, mas que os cientistas ainda não conseguiram precisar. Mas sempre voltam as centenas, enchendo as grutas com seus gritos, derrubando ovos e defecando no chão.